Entenda elo entre ex-diretora de presídio e chefe de facção acusados de planejar fuga de 16 detentos

  • 04/07/2025
(Foto: Reprodução)
Fuga em massa aconteceu em dezembro de 2024 e culminou no afastamento de Joseuma Silva Neres, que está presa desde janeiro deste ano. Denúncia do Ministério Público da Bahia indica que ela mantinha relacionamento amoroso com traficante. Joneuma e Dadá tiveram um relacionamento amoroso Reprodução/Redes Sociais Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, e o detento foragido Ednaldo Pereira de Souza, o "Dadá", planejaram a fuga em massa dentro da unidade, segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA). A ação criminosa aconteceu em dezembro de 2024 e culminou no afastamento da gestora, em janeiro. O elo entre Joneuma, Dadá e a fuga pode ser explicado por meio do processo ao qual a TV Bahia obteve acesso com exclusividade. Veja abaixo: Ao assumir a direção do Conjunto Penal de Eunápolis, em 14 de março de 2024, Joneuma Silva Neres teria se aproximado de Dadá, apontado como chefe de um grupo criminoso de Eunápolis, para obter vantagens financeiras. Ela também teria se envolvido afetivamente com ele. As investigações apontam que a relação amorosa fez com que Joneuma se associasse definitivamente à organização criminosa. A ex-diretora é acusada de facilitar a comunicação entre os integrantes do grupo criminoso e de permitir regalias para os membros da facção, que estavam juntos no Conjunto Penal de Eunápolis. Entre as regalias permitidas estavam: acesso irrestrito aos freezers introduzidos por determinação de Dadá, a refeições especiais como moquecas de camarão, lasanhas e chesters, equipamentos sonoros e caixas de som, além de visitas íntimas dentro dos pavilhões. Relação entre Joneuma e Dadá Ex-diretora de presídio é presa suspeita de facilitar fuga de 16 detentos na Bahia Arquivo Pessoal As investigações também apontaram que os encontros entre Joneuma e Dadá aconteciam na sala da diretoria ou na sala de videoconferência do Conjunto Penal. Os momentos eram frequentes e duravam horas. O documento indica que, durante essas reuniões, Joneuma cobria os pontos de visão – as janelas ou frestas – com folhas de papel de ofício, enquanto Dadá permanecia no local, sem qualquer vigilância ou meio de contenção, ambos trancados, e com a observação de que não queriam ser incomodados. Nos depoimentos, testemunhas disseram que a relação afetiva entre os dois era tão evidenciada que os detentos e os próprios servidores do Conjunto Penal passaram a falar que os dois mantinham relações sexuais dentro do presídio, sem qualquer preocupação ou pudor. Ex-diretora de presídio e detento foragido negociavam votos por R$ 100 para beneficiar vereador e ex-deputado federal Participação do supervisor Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança do Conjunto Penal de Eunápolis Reprodução/TV Bahia Já Wellington Oliveira Santos, coordenador de Segurança do Conjunto Penal, teria se associado aos membros da facção, em parceria com Joneuma, quando percebeu as vantagens financeiras que ela conseguiu. De acordo com as investigações, a partir daí, Wellington começou a seguir as orientações da então diretora para se omitir nas inspeções carcerárias, além de acobertar os planos do grupo criminoso. A atuação criminosa também envolvia: intervenção nos laudos criminológicos e nos pareceres técnicos a cargo dos assistentes sociais, psicólogos e psiquiatras da unidade, para que estas peças técnicas, como provas, fossem favoráveis aos comparsas do grupo criminoso nos pedidos que eles protocolavam perante o Juízo de Execução Penal; Wellington é acusado de intimidar os servidores quando um laudo técnico ou parecer assinado pelos profissionais não favorecia um membro da facção escolhido para obtenção de benefícios, como livramento condicional, saída temporária e progressão de regime penal. Quando não conseguiam reverter os pareceres, o ex-coordenador e Joneuma indicavam aos detentos interessados que era aquele determinado profissional que estava "atrapalhando a sua vida de interno". O objetivo era marcar quem deveria ser demitido do Conjunto Penal e, ao mesmo tempo, incitar os presos a se rebelarem contra o servidor. O documento conclui que os funcionários terminavam coagidos, por medo, a passar a colaborar, involuntariamente, com as atividades criminosas. Atualmente, Wellington está preso no Conjunto Penal de Teixeira de Freitas. Em contato com a reportagem da TV Bahia, a defesa dele informou que não irá se posicionar nesse momento. Planejamento da fuga Denúncias detalham ação de ex-diretora de presídio investigada após fuga na Bahia As investigações mostraram que ao certificarem que os atos feitos dentro do presídio não motivavam uma intervenção ou responsabilização por parte da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), Joneuma e Wellington planejaram a fuga dos detentos junto com Dadá. Entenda o passo a passo, conforme descrito no processo: ➡️ O acerto inicial, firmado entre os três, era de que os presos deveriam ficar todos juntos para que trabalhassem juntos na preparação e execução da fuga. ➡️ O trio decidiu que o roteiro da fuga passaria pela escavação de um buraco direcionado para o teto da cela 44 para, em seguida, os presos acessarem a passarela e a parte externa do Conjunto Penal. ➡️ Em seguida, Joneuma e Wellington destinaram as celas 44 e 45, do pavilhão B, para todos os integrantes do grupo criminoso escolhidos para fugir. Ex-diretora de presídio teve romance com detento e envolvimento com facções na Bahia, diz investigação Direcionamento de contratações e demissões Ainda de acordo com o documento, para exercer controle absoluto no Conjunto Penal de Eunápolis e promover as atividades ilícitas para o grupo criminoso do qual ela passou a integrar, Joneuma começou a direcionar as contratações e demissões dos servidores do presídio. Assim, os profissionais que "não fechavam os olhos" ou compactuavam com as ordens eram intimidados ou demitidos. As demissões indicadas por Joneuma e Dadá foram de dois dentistas, uma psicóloga e dois advogados Os demitidos eram substituídos por pessoas ligadas à ex-diretora do presídio, que chegou a contratar a irmã Jocelma Neres como advogada em defesa dos interesses do grupo criminoso, no Conjunto Penal de Eunápolis. Custodiada com filho na cela Ex-diretora de presídio na Bahia Redes sociais Joneuma estava grávida, quando foi presa no dia 24 de janeiro de 2024 por facilitar a fuga dos 16 detentos do presídio. O bebê nasceu prematuro e segue com ela na cela, no Conjunto Penal de Itabuna, no sul do estado. Em entrevista à TV Bahia, Jocelma Neres, irmã e advogada de Joneuma, negou a existência de um caso amoroso entre ela e Dadá. "A gente não sabe quem foi que articulou tudo isso, mas ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu. Ela nunca teve nenhum relacionamento com essa pessoa", afirmou. A advogada também destaca a preocupação com o fato de o sobrinho ainda estar no presídio com a mãe. "O presídio não é ambiente para uma criança recém-nascida e a família está desesperada, sem ter o que fazer. A gente não tem condições de estar lá com ela, pelo fato de ser uma cidade longe, e não ter recursos financeiros para estar lá". Já o advogado Artur Nunes, que também representa Joneuma, explicou por que alguns benefícios eram concedidos aos detentos. "Dentro de uma unidade prisional, a gente entende, vive muito de negociação, no sentido de manter, ao máximo, a ordem da unidade prisional, evitar problemas, [evitar] que conflitos entre eles ocorram", disse. Em abril deste ano, Joneuma protocolou um pedido judicial de auxílio financeiro para cobrir gastos com a gravidez contra o ex-deputado federal Uldurico Jr (MDB). Ela indica que ele é o pai da criança. Dadá e Uldurico Júnior Reprodução/TV Bahia O ex-deputado federal é apontado, no documento, como um dos beneficiados por um esquema de negociação de compra de votos, dentro do presídio, quando ele era candidato a prefeito de Teixeira de Freitas, cidade do extremo sul do estado. O esquema teria sido articulado por Joneuma e Dadá. Em contato com a equipe de reportagem, Uldurico Junior afirmou que não responde a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA. Acrescentou ainda que esteve no presídio para conversar com vários representantes de cada ala, a fim de falar sobre direitos humanos. Conjunto Penal de Eunápolis, no extremo sul da Bahia Taísa Moura/TV Santa Cruz Entenda a fuga Câmeras registram fuga de 16 detentos de presídio na Bahia O Conjunto Penal de Eunápolis fica em uma área afastada do centro da cidade, no bairro Juca Rosa. A fuga contou com quatro veículos do tipo SUV e oito homens portando armas de grosso calibre. Um dos envolvidos, identificado como Vagno Oliveira Batista, foi preso em fevereiro deste ano, portando uma pistola. Segundo as investigações, ele era responsável por cuidar do armamento da facção. Em depoimento, o suspeito disse que, depois da fuga, foi até a favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, onde encontrou com Dadá e outros cinco fugitivos. Segundo depoimentos, antes de ser presa, Joneuma também planejava fugir para a capital carioca e se encontrar com o líder do grupo criminoso. O que diz a Seap Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado (Seap) disse que jamais compactuou com qualquer privilégio concedido a internos custodiados no sistema prisional baiano. A pasta pontuou ainda que participou ativamente com a Polícia Civil (PC) nas investigações e colaborou de forma irrestrita com a Justiça para punir todas as transgressões ocorridas no Conjunto Penal de Eunápolis. Desde o final de maio, agentes da Força Penal Nacional estão operando no presídio. A decisão foi tomada depois do atentado que teria como alvo Jorge Magno Alves, novo diretor da unidade, em 20 de maio. O homem endureceu as regras na unidade. Ele escapou do ataque, porém um servidor ficou gravemente ferido. RELEMBRE: Pelo menos 32 detentos fugiram de presídios na Bahia nos últimos 2 anos Veja o momento em que 16 detentos fogem de presídio na Bahia Advogado é preso por envolvimento na fuga de 16 detentos e no atentado contra diretor de conjunto penal na Bahia Mapa mostra onde foi a fuga de detentos no Sul da Bahia Arte g1 Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/07/04/entenda-elo-entre-ex-diretora-de-presidio-chefe-de-faccao-e-fuga-de-16-detentos-na-bahia-segundo-mp.ghtml


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